sábado, 28 de agosto de 2010

Da precipitação dedutiva e desonestidade cientifica

Pode ler-se na medscape desta semana, secção news, um paper publicado no Journal of Medical Ethics com o titulo : "Physicians' Religious Beliefs Influence End-of-Life Decisions".
Promissor no que ao título diz respeito, logo o artigo se esbarra no moralismo religioso bacoco, afirmando categoricamente que "Physicians who describe themselves as nonreligious are almost twice as likely to make decisions that may end a patient's life compared with physicians who described themselves as religious, according to new research". Aparentemente, as decisões médicas acerca da vida ou morte dos doentes são influenciadas por uma não religiosidade, pois que a não religiosidade ou a não crença, aumenta a probabilidade do médico tomar qualquer decisão que termine com a vida do doente que lhe foi confiado.
Não queriam os autores dizer que é a religiosidade do doente, e não a do médico, a pedra angular a ter em conta nas decisões feitas na agonia? Não queriam os autores dizer que os médicos não decidem seja o que for por estar escrito no livro dos salmos, ou no livro do êxodo, ou por acreditarem nisto ou naquilo, mas porque há evidência científica para determinada acção médica? Não queriam eles dizer que são justamento os médicos não crentes que se despem de imposições divinas, leis bíblicas ou mandamentos primitivos, para, com a maior imparcialidade possível, ouvir o doente, o que ele tem para dizer e o que ele quer fazer acerca da sua vida ou da sua morte?
Os valores religiosos são importantes nas decisões médicas em fim de vida? Claro que sim, mas são os valores do doente. Se o médico acredita em Shiva, Buda, Alá, Cristo ou Maomé pouco ou nada interessa, a não ser para enviesar uma medicina que se quer baseada na evidência e não no verbo divino.
É o doente que atende às directrizes da sua própria religião para decidir de si próprio. Nunca pode ser o médico a moldar uma decisão às suas próprias crenças. A diferença é que a religiosidade do doente, e qualquer decisão que daí advenha, recai sobre o próprio. (é dele para ele). A religiosidade do médico, quando interfere no processo de decisão, recai sobre o doente, que fica privado ou é sujeito a determinada prática logicamente deturpada.
PS. Curiosamente, uma outra conclusão bem mais lógica deste estudo foi "The most religious physicians were also significantly less likely to have discussed end-of-life care decisions with their patients than other physicians." straight to the point

sábado, 21 de agosto de 2010

Coisas inexplicáveis

Cheguei à conclusão de que não se pode ter qualquer tipo de convivência com alguém que:

- usa meias e sandálias em simultâneo;

- diz que o seu livro preferido é "Os filhos da droga".

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

I want to believe (but logic, biochemistry and medical sciences dont let me)

Estou a rever isto e a revisitar as memórias do liceu, em que a sempiterna Rachel D´Abreu (nome fictício) dizia que queria ser médica (virologista), como a Scully, e desvendar os mais insólitos casos do oculto que aconteceriam dentro da sua área de jurisdição, que é como quem diz, desde a Rua Oliveira Monteiro até ao término da Rua Nossa Senhora de Fátima. Esquecendo-se, claro está, que nem a virologia é uma especialidade médica, e nem a brigada do para(a)normal da PJ aceita jovens médicas viciadas em Kinder Buenos nos seus quadros efectivos. Além de que a actividade paranormal da referida zona não justificaria o reforço dos quadros profissionais, pois que se resumia, basicamente, às actividades diárias de um estranho ogre venezuelano, de fácies característico, cujo nome me lembro de dizer mas não sei como se escreve.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um post de amor, de um fim de semana apaixonado.

"Ai quem me dera ouvir o nunca mais
dizer que a vida vai ser sempre assim
e, finda a espera, ouvir na Primavera
alguem chamar por mim." Vinicius de Moraes
continue a sonhar aqui