É hilariante e absurdamente grotesco ouvir Manuela Ferreira Leite dizer que se quer destruir as famílias e as bases da sociedade, ao caminhar-se pelas estradas da nova lei das uniões de facto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou na legislação que desembrulha o embrulhanço do divórcio. A líder do PSD não entende que não é dificultando o divórcio, que não é criando processos de divórcio morosos, lentos e burocratizados, que não é restringindo o casamento a heterossexuais nem desvalorizando e remeter para o campo das "coisas menores" as uniões de facto, que a sociedade se constrói melhor em si mesma. É justamente uma sociedade que tolera, que respeita a diferença e que não trata de forma diferente as desigualdades que lhe são intrínsecas, pois que estas desigualdades existem e evoluíram até aqui, pelo mérito e respeito que lhes são inerentes. Não podem as sociedades, nem as politicas, nem as leis impôr uma visão de valores e de ideias, baseadas em puros dogmas de religiosidade, em visões de futuro e da vida em sociedade que se baseiam numa pseudo-tolerância cristã, ou em valores arcaicos que parecem muito bem quando ditos e tresditos, sem que eles traduzam aquilo que é a realidade e a natureza das coisas presentes. Votar PSD nas próximas eleições é votar numa ideologia arcaica, em que os valores não são mais do que a tradução mental de interiorizações católicas e espirituais. Votar PSD é votar num sistema de pensamento secular, colado a noções rígidas e dogmáticas que teimam em não se adaptar ao mundo contemporâneo. A visão de futuro, a visão progressista e inovadora, a visão de um sistema de valores que é, antes de mais, inerente ao Homem que vive em sociedade, ao ser social e ético que somos, e não a mandamentos ou assombros de pecado, essa visão de amanhã é partilhada pela esquerda moderna. Os valores sociais desta visão progressista são o resultado e a premissa de uma vida social colectiva. Esta futuro de modernidade, de adaptação à realidade, de progresso só pode ser alcançado votando contra as politicas arcaicas, discriminadoras, anti-sociais, inadaptativas,conservadoras e estáticas que são as políticas da direita.
Em que país vive Manuela Ferreira Leite? É certo que a líder da oposição gostaria de viver num em que o divórcio fosse fonte de problemas legais e burocráticos, em que a união de facto, ou de facto, as uniões que não o casamento, merecessem ser menosprezadas, desvaloralizadas, colocadas em segundo plano face ao casamento... quereria viver certamente num país em que só homens e mulheres pudessem casar e todos os outros não casados deveriam ser taxados por não cumprirem os pseudo-desígnios da sociedade e da família clássica cristã. Manuela Ferreira Leite não vive em Portugal nem na Europa da era moderna. Manuela Ferreira Leite gostaria de um Portugal de burkha...
Muito bom texto. Concordo inteiramente consigo.
ResponderEliminarSe essa senhora chegar ao poder (sinceramente, tenho sérias dúvidas), estaremos a hipotecar ainda mais o nosso futuro, pois estaremos a entregar o poder nas mão de uma mente tacanha, retrógada e preconceituosa.
Vejo obrigada a concordar plenamente contigo...
ResponderEliminarInfelizmente não vejo a senhora como um bom dirigente do país.. Acho sim, que se o poder lhe for parar às mãos Portugal vai regredir duas ou três décadas. Por mim a senhora não será primeira ministra, sou demasiado moderna para depositar o meu voto numa pessoa tão retrógada.
Um beijinho, gostei do blog
Obrigada Nuno.
ResponderEliminarNa realidade, dizer que gosto de política pode ser um bocadinho extremista. Aprecio um bom debate, aprecio o poder de oratória que alguns políticos possuem, bem como as incoerências em que estes acabam por cair.
E quanto a essa tal malfadada asfixia democrática - concordo contigo na aversão causada pela sua constante repetição - é deplorável ver a Srª Ferreira Leite, bem como o seu colega de regabofes, João Jardim, a negarem algo que qualquer um vê: a madeira é uma semi-ditadura (para não dizer totalmente)...
Um beijinho, vou seguir-te.