quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Naturalmente







Como bem fez em lembrar Palmira F.Silva, celebramos os 150 anos da publicação d´As origens das espécies, de Darwin. O legado foi enorme...provavelmente só justamente comparado, como bem fez aqui Paulo Gama, a Nicolau Copérnico.

A variabilidade intra-específica, substrato sobre o qual actua a selecção natural, é um dos pontos chave da teoria darwiniana. Assim se define que, quanto mais diversa é a população de determinado meio, maior é a hipótese que, de entre tal diversidade, surjam as características que, perante aquele meio, sejam consideradas adaptativas. Mais tarde se acrescentou que esta variabilidade intra-específica, este motor da evolução, é na realidade, uma variabilidade genética, sendo esta ultima asserção um dos pilares do neo-darwinismo.

Como tal, a natureza que gera a variabilidade é a mesma natureza que actua sobre ela, seleccionando aqueles que, perante dado contexto, possuem as características que lhes permitem uma melhor adaptação...quem sobrevive não é necessariamente o mais forte, mas sim o mais bem adaptado ao meio. O papel do meio, para Darwin, é também essencial. O meio natural gera pressões selectivas sobre a biodiversidade, e essas pressões selectivas são diferentes, dependem do contexto...determinadas espécies que estão bem adaptadas sobrevivem e reproduzem-se, espalhando na natureza os genes que, a elas próprias, conferiram vantagens adaptativas.

As teorias darwinianas não nasceram espontâneamente, não foi uma ideia maravilhosa que se instalou de repente. Ela teve o contributo mais que decisivo da geologia, que deu a Darwin, o período de tempo que ele achava necessário para se consumar a evolução... e nasce, também em geologia, a ideia de que o planeta sofre uma série de transformações, lentas e graduais, ao longo de muitos milhares de anos, em contra posição às teorias catastrofistas, afirmando que a evolução se dá por rupturas abruptas do equilíbrio natural prévio.

Em suma, o legado de Darwin foi de tal forma importante que, ainda hoje, 150 anos depois, se mostra actual...e ainda hoje, a teoria da Darwin gera novas áreas de conhecimento, gera novas ciências a partir da ciência, gera novas conclusões, novos mundos que se desconheciam até então.

Darwin morreu, mas o darwinismo está mais vivo do que nunca, renova-se, melhora-se, reinventa-se nos novos conhecimentos. Tal como se afirma na teoria, ela própria, a teoria, evolui!

Evoluímos, estamos em evolução, somos evolução...

Como bem disse Dobzhansky "nada em biologia faz sentido a não ser à luz da evolução"













1 comentário:

  1. Se ainda hoje as teorias de Darwin se deparam com uma forte oposição, sobretudo, por parte dos criacionistas, imagino há 150 anos, altura em que tudo passava pelo crivo da Santa Madre Igreja.

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